Projeto da UFSM fabrica camas para os atingidos pelas enchentes

Fotos: Beto Albert (Diário)

As mãos que montam, lixam e envernizam móveis são as mesmas que estendem o conhecimento a quem precisa. Desde maio, alunos do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) têm confeccionado camas para os afetados pelas enchentes em cidades da região. O projeto Móveis Solidários, que iniciou com a produção de rodos, agora trabalha na confecção de 30 camas que serão doadas a cidades da Quarta Colônia.


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O desejo de ajudar começou ainda em maio, no início das enchentes que atingiram os municípios gaúchos. Na época, diante de bairros inteiros inundados e casas invadidas pela lama, o projeto começou com a confecção de rodos para limpeza. Foi quando o professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFSM René Quispe Rodríguez fez o convite aos alunos que logo se colocaram à disposição. Ao todo, foram 25 peças produzidas, feitas com madeira maciça e envernizada, distribuídas em municípios da Quarta Colônia.

Com o pontapé inicial do projeto, não demorou muito para que as ideias, do professor e dos alunos, fossem além. Após a entrega dos rodos, o projeto iniciou o processo de confecção de camas que pudessem chegar nos lares ainda em reconstrução na região. Assim, desde maio, os integrantes têm se encontrado para trabalhar na produção do móvel.

Depois das enchentes, vimos a necessidade de ajudar os atingidos pelas cheias. Uma das alternativas foi começar por rodos para limpeza. Quisemos continuar com o projeto e vimos que um jeito de ajudar as famílias, seria com a confecção de camas. Então, abraçamos a ideia – afirma o professor.

Até o momento, 30 camas estão sendo confeccionadas pelos alunos

Ao todo, 30 camas estão sendo confeccionadas e outras 40 estão no planejamento futuro. Por trás de cada uma delas, o trabalho de alunos do curso de Engenharia Mecânica, que trabalham na produção do móvel. Ao todo, cerca de 15 têm dedicado o tempo entre uma aula e outra ou, até mesmo o período de paralisação pela greve, para colaborar com o projeto.


Do protótipo a doação dos móveis

Tudo começa com o projeto. Folhas com medidas, o desenho daquilo que se espera ser o móvel finalizado e anotações guiam os integrantes na execução do trabalho. Com a ideia no papel, é o momento de decidir os materiais utilizados, bem como o fornecimento. No caso do projeto, todos eles são custeados pela UFSM.

Um dos processos iniciais é o corte da madeira

Após tudo esquematizado, o professor explica que o projeto chega na fase de confecção de um protótipo. Este é fundamental para que o móvel saia de acordo com o que foi planejado. Foi somente depois dessa etapa inicial que a confecção em maior escala teve início. Em um dos prédios do Centro de Tecnologia (CT), uma espécie de pequena fábrica foi improvisada. De um lado, o corte da madeira e a montagem das camas são realizados. Do outro, alunos fazem o lixamento e envernizam o móvel. Tudo pronto, é hora de as camas encontrarem quem precisa. Nas próximas semanas, a primeira leva de móveis deve ser direcionada para a cidade de Nova Palma.

As camas são feitas de madeira maciça e envernizados

– Para nós, é muito gratificante. A extensão é uma parte fundamental e um jeito da universidade retornar o que é investido aqui. Aplicar nossos conhecimentos em prol da sociedade e, nesse caso, pessoas que sofreram muito com as enchentes – afirma o professor.


Formação acadêmica

Além de ajudar o próximo, o projeto contribui com a formação acadêmica. É por meio de cada etapa do processo, desde o desenho inicial até as etapas de confecção que os alunos entendem na prática o que é ensinado em sala de aula. A acadêmica Thais Brandolt, 20 anos, vê no projeto uma oportunidade de entender processos nunca encarados antes:

– Eu acho muito gratificante por ser algo que eu nunca tinha feito antes, de montar as camas e participar desses processos. Também a questão de ajudar um ser humano que está em necessidade.

Thaís, aluna de Engenharia Mecânica, é uma das integrantes do projeto

O mesmo sentimento é compartilhado pelo aluno de Engenharia Mecânica Marco Antonio Moraes, 22 anos, que busca aprender um pouco sobre cada processo:

Faço de tudo um pouco. Eu sempre gostei muito de ajudar e fiz parte de vários projetos. E quando apareceu essa oportunidade, nem pensei duas vezes. É importante ajudar o próximo, mesmo que nós tenhamos sofrido com as enchentes.  


Sem data para acabar

É unanimidade entre os integrantes do projeto que a ideia é ir além. Após a confecção das 30 camas em andamento, outras estão no radar da iniciativa. Conforme o professor, o próximo passo é produzir móveis híbridos, com madeira e metal. Essa etapa deve iniciar com as camas, mas o projeto não descarta a confecção de outros móveis. Apesar da diversidade, o objetivo segue o mesmo: ajudar quem precisa

Não pretendemos parar tão cedo. Estamos em uma segunda etapa e já pensando em evoluir para uma terceira etapa, em que temos material metálico. Então, a ideia é seguir aplicando nossos conhecimentos em prol da sociedade e, nesse caso, pessoas que sofreram muito com as enchentes – conta Rodríguez. 


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